Esta é uma das conclusões da primeira edição do Relatório Económico de Angola, hoje apresentado em Luanda, com outros dois instrumentos, nomeadamente o Memorando Económico de Angola e o Diagnóstico do Setor Privado de Angola.
"Nesse contexto, prevê-se uma desaceleração do crescimento para 2,7% este ano, com uma média de 2,9% por ano, entre 2026 e 2027. Essas previsões pressupõem que o principal motor de crescimento será o setor não petrolífero", frisa.
No relatório, o BM destaca que Angola precisa de encontrar novas fontes de crescimento económico, porque o setor petrolífero está em declínio estrutural devido ao amadurecimento dos campos e à diminuição dos investimentos.
Os dois primeiros instrumentos foram apresentados pela economista sénior do Banco Mundial, Benedita Baduel, numa sessão que contou com a participação do recém-nomeado vice-presidente regional para a África Oriental e Austral, Ndiamé Diop, e o diretor-geral sénior do Grupo, Axel Van Trotsenburg, ambos pela primeira vez a visitarem Angola.
Segundo Benedita Baduel, o fraco crescimento económico do país lusófono reflete-se num desempenho social insatisfatório, sublinhando que a criação de emprego não foi suficiente para absorver a crescente população ativa, aliado ao facto de a maior parte dos empregos serem informais "com baixa qualidade".
"Isto está relacionado também ao fraco desempenho de Angola em termos de capital humano", sublinhou a economista, realçando que o contexto descrito combinado com a inflação elevada provocou níveis de pobreza altos, "com aproximadamente um terço dos angolanos a viver com menos de 2,15 dólares por dia, que é a linha de pobreza internacional".
No relatório, a instituição indica que as atuais características do modelo de crescimento angolano baseiam-se, do ponto de vista macroeconómico, numa dependência forte do setor petrolífero, o que implica um crescimento dependente dos preços internacionais.
De acordo com o documento, dos 286,5 mil milhões de dólares em receitas petrolíferas que Angola recebeu entre 2004 e 2014, menos de 10% foram economizadas em mecanismos de poupança, o que teve impactos negativos na qualidade da despesa, resultando, por exemplo, em interrupções nos serviços e falta de recursos para a manutenção.
"Além disso, apesar de esforços para reorientar os gastos, a despesa orçamental continua limitada por altos subsídios e pagamentos de juros da dívida em detrimento das áreas essenciais para o desenvolvimento como a educação, saúde, infraestruturas", sublinhou a economista sénior do Banco Mundial.
Sobre a dívida pública angolana, Benedicte Baduel disse que também é vulnerável à volatilidade dos preços globais do petróleo, particularmente, porque cerca de 80% da dívida está denominada em moeda estrangeira e uma parte é composta por empréstimos garantidos pelo petróleo.
O Banco Mundial prevê que, apesar de a dívida pública angolana se manter sustentável, as necessidades de financiamento do Governo se mantenham elevadas, tendo em conta o perfil da dívida pública.
O país continua dependente das importações devido à fraca capacidade produtiva doméstica, pressionando a balança de pagamentos e eficácia da política monetária durante períodos de baixa receita petrolífera.
O recente inquérito do Banco Mundial sobre as empresas revela que 53% das que são formais têm menos de 20 trabalhadores e a maioria dos empregos criados na última década foi nas atividades de agricultura de subsistência e comércio informal.