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"Desapareceram do país quase 600 mil milhões USD", diz UNITA

22 February, 2018
"Desapareceram do país quase 600 mil milhões USD", diz UNITA

Os cofres do Estado foram espoliados em 600 mil milhões de dólares nos últimos anos, calcula a UNITA, alertando para o efeito da aprovação, na Assembleia Nacional, da proposta de Lei de Repatriamento de Recursos Financeiros Domiciliados no Exterior do País, de iniciativa do Presidente da República: "Corremos o risco de transformar o Estado numa enorme lavandaria de fundos ilegais", avisa o líder da bancada parlamentar do maior partido da oposição.

Numa conferência de imprensa, realizada ontem em Luanda - véspera da discussão no Parlamento hoje, 22, de duas propostas de lei sobre o repatriamento de capitais, uma submetida pelo Executivo e outra pela UNITA -, Adalberto da Costa Júnior defendeu a urgência de se travar os desvios de património que, segundo estima o partido do "Galo Negro", já custaram 600 mil milhões de dólares ao erário público.

"Desapareceram do país quase 600 mil milhões de dólares. É qualquer coisa de absurdo, de inacreditável", considerou o parlamentar, assinalando que "uma boa parte destes dinheiros foi levada para fora do país e uma boa parte resultou em aquisição de património, também lá fora".

Sublinhando a ideia de que as fortunas decorrentes da usurpação de bens estatais não se traduzem apenas em depósitos, o deputado lembrou também que nem todo o dinheiro foi colocado no exterior. "Uma parte dos desvios com origem no património público e nas reservas e no Orçamento Geral do Estado também foi direccionado ao interior do país", apontou o político.

Contas feitas, o líder dos "Maninhos" na Assembleia Nacional alertou para a necessidade de se introduzir alterações à proposta de Lei de Repatriamento de Recursos Financeiros Domiciliados no Exterior do País, submetida pelo titular do poder Executivo.

Segundo o líder parlamentar da UNITA, se essa iniciativa for aprovada sem mudanças "corremos o risco de transformar o Estado numa enorme lavandaria de fundos ilegais".

Para evitar este desfecho o maior partido da oposição propõe a adopção de medidas alternativas às que constam da proposta de Lei do Executivo, através do Projecto de Lei do Regime Extraordinário de Regulação Patrimonial.

Segundo a UNITA, este documento é uma oportunidade de "se pôr ordem aos roubos ao património, ou seja, uma regulação não apenas para aquela [fortuna] que foi levada para fora do país, mas também para a desviada dentro do país".

"A nossa proposta, que deu entrada com carácter de urgência [na Assembleia Nacional], tem moralidade e ética, não se dirige apenas ao desvio de dinheiro e também de património. Foi desenvolvida com contribuições de especialistas e com base nos modelos aplicados noutros países. No modelo anunciado pelo Presidente, quem roubou agora traz e fica com tudo. Não pode ser assim", defendia o deputado, no final do ano passado, aquando da submissão do projecto de lei ao Parlamento. NJ

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