O vice-presidente da UNITA, Raul Danda, disse ontem que a Procuradoria Geral da República (PGR)tem uma oportunidade soberana para mostrar a sua independência e provar que é um órgão que está para proteger a legalidade.

Raul Danda, que reagia ao inquérito mandado instaurar pela PGR sobre a denúncia de desvios de 38 milhões de dólares pela anterior gestão da Sonangol, disse que é preciso que a investigação chegue ao fim e os resultados tornados públicos.

“O novo conselho de administração da Sonangol disse de forma muito clara que houve um desvio flagrante, violento e vergonhoso. Foram dezenas de milhões de dólares desviados depois da administração cessante ter sido exonerada”, disse  Raul Danda, salientando que isso implica que alguma coisa não está bem na petrolífera nacional.

O vice-presidente da UNITA disse que não se consegue perceber como é que a administração cessante conseguiu convencer o governador do Banco Nacional de Angola (BNA) a fazer essa transferência. “Isso, ao que me parece, é da responsabilidade do Banco Nacional de Angola”, disse, questionando como é que isso foi possível.

Para Raul Danda, a PGR deve mostrar que não tem força só para agir contra jornalistas ou contra “ladrões de galinhas”, que ficam 12 anos nas cadeias, mas que também pode fazer alguma coisa a estes indivíduos que desviam milhões.

O deputado da CASA-CE Manuel Fernandes felicitou a nova direcção da Sonangol por ser a primeira instituição no país, desde a independência, que tomou uma medida do género, trazendo à luz denúncias sobre gestão danosa feita pela administração de uma empresa pública.

“A gestão anterior dizia ser competente e agora podemos entender que estava a ser dirigida por uma máfia. Isso justifica a criação de empresas fantasma para cobrir  milhões de dinheiros que saíram ilegalmente  desta empresa estatal”, disse.

 Manuel Fernandes felicitou de igual modo a PGR e o procurador-geral por ser a primeira vez que o Ministério Público, através de uma denúncia pública, vai investigar denúncia do género. Para o deputado, trata-se de um crime de abuso de confiança e de peculato.

A notícia do inquérito para investigar alegadas transferências monetárias irregulares na Sonangol foi divulgada em primeira mão pelo Jornal de Angola.

Ontem, a PGR confirmou em nota que vai igualmente investigar outros procedimentos incorrectos, e fazer um enquadramento jurídico-criminal sobre o assunto. A PGR indica que o referido inquérito vai ser dirigido pela Direcção Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção sob segredo de justiça.A PGR indica que as conclusões do inquérito serão oportunamente levadas ao conhecimento do público, sem prejuízo do segredo de justiça. JA