Os dados, sobre o "empoderamento da mulher" constam do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS), realizado entre 2015 e 2016, envolvendo o INE, o Ministério da Saúde angolano e várias instituições internacionais, além da assistência técnica do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Segundo o estudo, um em cada cinco homens (20%) e uma em cada quatro mulheres (25%) "concordam com, pelo menos, uma das razões indicadas que justifica que o marido bata na sua mulher".
Para 11% das inquiridas no IIMS, "justifica-se que o parceiro bata na mulher" por deixar queimar a comida e 15% por discutir, mesma percentagem por sair de casa sem avisar, ou ainda 16% por ser descuidada com as crianças e 12% por recusar ter relações sexuais.
A província de Malanje apresenta a percentagem mais elevada (47%) de mulheres que concordam com, pelo menos, uma razão que justifica que o marido bata na companheira, contra a província do Cuanza Norte (9%).
"Os casos dos homens e mulheres que concordam que se justifica que o marido bata na mulher diminuem com o aumento do nível de escolaridade", refere o IIMS, acrescentando que, ainda assim, 16% dos homens e mulheres com ensino secundário ou superior "concordam com, pelo menos, uma razão que justifica que o marido bata na mulher".
Conclui ainda que 67% dos homens e 47% das mulheres concordam que se justifica que uma mulher "se recuse a ter relações sexuais com o marido caso saiba que este tem relações sexuais com outras mulheres". Ou seja, 53% das mulheres não veem este comportamento como suficiente para negar relações sexuais ao marido.
Outros indicadores do estudo apontam que a grande maioria das mulheres participa nas decisões sobre a utilização do dinheiro que ganham, mas apenas 40% decidem sozinhas e 42% decidem em conjunto com o marido. Ainda assim, 16% das inquiridas "declararam que o marido toma todas as decisões sobre como gastar o rendimento da mulher".
Em Angola, a posse de telemóvel é mais frequente entre os homens (70%) do que as mulheres (51%), mas três em cada quatro (74%) mulheres em Luanda possuem telemóvel, contra uma em cada cinco (22%) na província do Bié, ainda de acordo com a componente de empoderamento da mulher angolana do IIMS.