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Rentabilidade da dívida soberana sobe com presidência de João Lourenço

11 Dezembro, 2017
Rentabilidade da dívida soberana sobe com presidência de João Lourenço

Os títulos de dívida soberana angolana em dólares aumentaram a rentabilidade para 8% nos dois meses da nova governação, encimando uma lista de títulos idênticos emitidos pelos 70 países que integram o índice da Bloomberg e do Barclays.

Com a eleição de João Lourenço como Presidente da República, os títulos de dívida soberana angolana colocados no exterior atingiram a maior rentabilidade entre os emitidos por 70 países listados pelo índice Bloomberg/Barclays de títulos soberanos em dólares dos mercados emergentes – ‘Bloomberg Barclays Emergins Markets USD Sovereign Bond Index’.

A rentabilidade dos eurobonds angolanos chegou a 8%, o que os coloca à frente da dos rendimentos proporcionados por títulos idênticos colocados nas praças internacionais por Equador, El Salvador, Zâmbia, Gabão, Gana, Iraque e Quénia, os países que se seguem a Angola na tabela da rentabilidade dos respectivos títulos de dívida soberana. O desempenho dos títulos angolanos fica muito acima da média registada pelos títulos representativos da dívida das economias emergentes, a qual se situou em 0,3% nos dois últimos meses, ou seja, desde a eleição do Presidente da República de Angola.

‘Só lidera Angola há um par de meses, mas os investidores já gostam do que viram João Lourenço fazer’, observa a agência Bloomberg. A ‘performance’ dos títulos angolanos não se fica a dever apenas ao aumento do preço do barril de petróleo em 5% nos mercados internacionais, já que os títulos de dívida soberana de grandes produtores como o México, a Rússia e a Arábia Saudita estão longe de registar o mesmo desempenho, nota a agência especializada em informação financeira.

A Bloomberg lembra ainda que, nestes dois meses, o Presidente angolano substituiu o governador do banco central, e os presidentes da Sonangol e Endiama. ‘O banco central, agora com José Massano como governador, aumentou a taxa de juro de referência em 200 pontos base, para 18% na semana passada, uma medida que terá em vista combater a inflação que supera 30%. Tal medida pode indiciar uma depreciação do kwanza, segundo o Standard Bank Group Ltd, que considera que a moeda nacional se encontra sobrevalorizada.

‘Apesar de se poder apontar para a turbulência do mercado devido ao aumento do preço do petróleo, o mercado pode estar a ficar mais construtivo face à perspectiva de evolução da política económica’, refere o líder do departamento estratégico do Standard Bank londrino, Dmitry Shishkin, citado pela Bloomberg. “O Governo tocou nas teclas certas, apontando para o desejo de melhorar a sustentabilidade da dívida, cortar algumas despesas, emitir mais dívida soberana e continuar com a reforma da Sonangol’, conclui o gestor de fundos.

O Estado angolano estreou-se na emissão de eurobonds em Novembro de 2015, captando então, no mercado internacional, cerca de USD 1.500 milhões através de um consórcio de bancos liderado pelo norte-americano Goldman Sachs International e que incluiu ainda o alemão Deutsche Bank e os chineses da ICBC International. Em Março deste ano foi seleccionada pelo Executivo, através de concurso público internacional, a subsidiária em Angola da consultora australiana Aurecon para monitorizar os 15 projectos que vão ser financiados pela emissão de eurobonds.

A empresa actuará como assessor técnico responsável pela preparação dos projectos, análises, relatórios e validação dos documentos de suporte ao pagamento dos projectos contratados’. Foram seleccionados 15 projectos de investimento público de infraestruturas, afectos ao Ministério da Energia e Águas e ao Ministério da Construção, que deverão beneficiar do financiamento proveniente do recurso às emissões de eurobonds.

Nova emissão

A subida da rendibilidade dos títulos soberanos é uma boa notícia no momento em que o Executivo preparara, entretanto, uma nova emissão de eurobonds até ao limite de USD 2 mil milhões. Um despacho presidencial datado de Agosto deste ano, autoriza o ministro das Finanças a ‘executar as acções e implementar as medidas que possibilitem a conclusão dos trabalhos conducentes à concretização do financiamento externo’ até ao montante de USD 2 mil milhões por intermédio da emissão soberana.

Esta segunda emissão de eurobonds enquadra-se ainda, de acordo com o diploma, na ‘estratégia do Executivo no que concerne à diversificação das fontes de financiamento para prossecução de objectivos económicos indispensáveis ao desenvolvimento nacional, em particular, dos programas de investimentos públicos e de outros programas e projectos de interesse nacional enquadrados no Plano Nacional de Desenvolvimento de Angola’. Ainda de acordo com o diploma, a estratégia da segunda emissão de dívida soberana nos mercados internacionais sob a forma de eurobonds será conduzida com o banco russo VTB. OPAIS

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