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Trabalhadores da empresa angolana de pontes denunciam "despedimento ilegal"

02 Fevereiro, 2018
Trabalhadores da empresa angolana de pontes denunciam "despedimento ilegal"

Os trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes de Angola, sem salários há 51 meses, denunciaram hoje que a direção da empresa estatal pretende reduzir o número de trabalhadores "sem garantias de indemnização e pagamento" dos ordenados em atraso.

A informação transmitida hoje pelo primeiro secretário da comissão sindical da empresa, Mateus Muanza Alberto, dá conta que o processo deve decorrer dentro de seis meses e que a direção da empresa pública ainda não esclareceu os termos dessa redução de pessoal.

"A direção da empresa está a ocultar o processo e nós lamentamos tal situação, porque não entendemos a modalidade desse processo, são 51 meses sem salários e teríamos um outro tratamento", disse.

Segundo o sindicalista, a "direção da empresa informou recentemente que os trabalhadores deverão ser dispensados durante 6 meses sem salários e que os atrasados de há 4 anos deverão ser pagos".

"E o que perguntamos como serão pagos os salários em atraso de 51 meses se não há verbas", questionou, tendo informado igualmente que a empresa pública de pontes deve contar com "uma parceria técnica e humana de uma empresa privada do ramo de construção".

"Estão apenas a dizer que em seis meses alguns trabalhadores irão para casa, sem que nos esclareçam os termos desse afastamento, então, nesse contexto, a direção da empresa não trabalha com o sindicato e quer despedir trabalhadores, em que termos", questionou.

Os salários em atraso na empresa angolana de pontes afetam cerca de 400 trabalhadores espalhados pelas filiais nas províncias do Huambo, Zaire, Huíla, Moxico e Benguela, além da sede em Luanda, numa altura em que reduziram as empreitadas.

Tal situação levou, em outubro, o novo ministro angolano da Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, a visitar a sede da empresa, tendo assumido na ocasião analisar a situação da Empresa Nacional de Pontes.

"Temos algumas perspetivas no nosso plano orçamental e isso pode ajudar a resolver já os problemas candentes e equacionar o problema dos atrasados", disse na ocasião o governante, assegurando mesmo que seriam elaborados programas para "alavancar" a empresa.

Por sua vez, Silva Pedro Francisco, há 44 anos na empresa lamentou a falta de salários há 51 meses, manifestando-se igualmente preocupado com o anúncio da redução do pessoal.

"A situação é preocupante e até agora assim estamos. Fala-se numa parceria e o capital que vai entrar, o gestor pagou já 60% da reforma e o resto com idade de serviço deverão ser escolhidos e alguns mesmo deverão ir para casa e não sabemos se seremos pagos", atirou.

O anúncio de afastamento de alguns trabalhadores da empresa pública de pontes sem salários foi encarado com tristeza por Gabriel Magalhães, há 18 anos, na Empresa Nacional de Pontes de Angola.

"Agora temos esse processo que primeiro será mandar para reforma alguns trabalhadores, temos informação que deverão afastar alguns trabalhadores por seis meses sem salário, quando há pessoas que restam apenas um ou dois anos para a reforma (?) e estamos preocupados com isso", sustentou.

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