O estudo da Mercer avalia mais de 375 cidades nos cinco continentes e determina o custo comparativo de mais de 200 indicadores em cada local, incluindo alojamento, transporte, comida, roupa, bens domésticos e entretenimento.
Lisboa subiu para 93.ª, mais 44 lugares do que na última edição. Combustíveis são dos motivos
A capital portuguesa registou a maior subida de sempre no estudo da consultora Mercer que avalia o custo de vida para expatriados e que ajuda as empresas a avaliar o custo de envio dos trabalhadores para o estrangeiro. Lisboa subiu para o 93.º lugar, mais 44 do que na última edição. O estudo foi tornado público nesta terça-feira e revela também que Luanda deixou de ser a cidade mais cara do mundo, tendo sido substituída por Hong Kong.
A subida dos preços da habitação, da restauração e dos combustíveis e a oscilação entre o euro e o dólar são os fatores que explicam a forte subida da capital portuguesa neste estudo, assinala Tiago Borges, responsável de remunerações da Mercer Portugal, ao Dinheiro Vivo. O custo de vida na capital portuguesa é superior ao de cidades como Rio de Janeiro (Brasil), Toronto (Canadá) e Doha (Qatar).
Basta recordar, por exemplo, que o preço das casas em Lisboa subiu 18,1%, para 2438 euros por metro quadrado, no final de 2017. Esta situação levou mesmo o Banco de Portugal, no início de junho, a alertar para riscos de sobrevalorização nos preços das habitações.
A forte subida dos preços dos combustíveis também ajuda a explicar o salto de Portugal neste ranking. Em Lisboa, um litro de gasolina sem chumbo com 95 octanas custa 1,50 euros; mais caro só em Paris (1,55 euros/litro) ou em Hong Kong (1,63 euros/litro), segundo as comparações entre custo de vida.
A forte subida do custo de vida tem impacto na atividade das empresas, conforme destaca Diogo Alarcão, presidente executivo da Mercer Portugal. "Se, por um lado, a mobilidade da força de trabalho permite às organizações conseguir uma maior eficiência, utilizar o melhor talento e ser eficiente do ponto de vista dos custos em projetos internacionais, a volatilidade dos mercados e o crescimento económico moderado em muitas partes do mundo faz que as empresas avaliem com algum cuidado os pacotes de remuneração para expatriados."
Esta subida de preços na cidade, no entanto, não deverá afastar as empresas estrangeiras, acreditam os especialistas da Mercer Portugal. "Lisboa deixa de ter o estatuto de ser uma cidade barata. Esse paradigma fica afastado, mas não vai pôr em causa as decisões de investimento."