Até 2018, o ciclo real de negócios da economia apresentou um comportamento recessivo, tendo registado para os anos de 2016, 2017 e 2018, taxas de crescimento negativas na ordem de 2,6%, 0,1% e 1,1%, respetivamente”, lê-se no relatório sobre a Estratégia de Endividamento de Médio Prazo (2019-2021), aprovado na semana passada em Conselho de Ministros e colocado hoje no site do Ministério das Finanças.
“Tal comportamento deveu-se aos baixos níveis de produção de petróleo e pela menor atividade económica do setor não petrolífero (efeito ‘spillover’)”, acrescenta o texto, que dá conta de uma previsão de crescimento económico de 0,4% este ano e de 3,2% para 2020 e 2021.
A previsão de uma recessão de 1,1% no ano passado é uma melhoria face ao valor que tinha sido apresentado em fevereiro pelo ministro da Economia e Planeamento angolano, Pedro Luís da Fonseca, que tinha alertado que o país deve ter tido uma recessão de 1,7% no ano passado.
Relativamente ao crescimento económico, as previsões estão abaixo das estimativas do FMI, que antecipava já para este ano uma expansão da economia angolana na ordem dos 2,5%.
Para o cenário de base, prevê-se o crescimento da economia a médio-prazo em cerca de 3%, dentre os quais, o setor petrolífero poderá apresentar uma taxa de crescimento de cerca de 1,7%, suportada pelo projetado aumento da produção petrolífera e o setor não petrolífero em cerca de 3,5%, justificando-se principalmente pela melhoria do ambiente de negócios que fomentará o investimento do setor privado na economia”, argumenta-se no relatório.
A inflação, que tem vindo a descer nos últimos trimestres, “poderá, até 2021, atingir os níveis de 7,9%, e a conta corrente manter-se-á deficitária, resultante principalmente do aumento das importações na balança comercial e do crescimento do pagamento de juros externos”, antecipa o Governo.
O documento colocado esta terça-feira no site do Ministério das Finanças de Angola explica que, no que diz respeito à gestão da dívida, “o executivo optou por uma estratégia de três anos que coincidirá com o programa de Apoio para a Consolidação Fiscal, EFF- Extended Fund Facility acordado com o FMI”.
Este programa “tem como objetivos reduzir as vulnerabilidades fiscais, fortalecer a sustentabilidade da dívida, reduzir a inflação, implementar um regime cambial flexível, assegurar a estabilidade do setor financeiro e fortalecer o quadro de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo (CBC/FT)”.