UE/África: Presidente de uma associação industrial angolana crítica suspensão da actividade laboral

Post by: 21 Novembro, 2025

O presidente da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelarias de Angola (AIPPA), Gilberto Simão, criticou hoje a suspensão da atividade laboral em Luanda, devido a uma cimeira internacional, pedindo maior valorização ao empresário e à produção nacional.

salários (...) embora seja só numa determinada zona mas isso reflete, Luanda e Icolo e Bengo, quando Luanda não trabalha Icolo e Bengo também não trabalha, porque tudo se concentra em Luanda, portanto isso é prejudicial", disse hoje Gilberto Simão em declarações à Lusa.

O empresário do setor da panificação reconheceu que as cimeiras internacionais, em Angola, visam atrair o investimento externo e difundir a imagem do país, e que o investimento estrangeiro "é muito necessário para Angola, é como o pão para a boca".

"Mas, o investimento estrangeiro é um pau de dois bicos: de um lado vem trazer desenvolvimento, vem trazer prosperidade, mas do outro lado vem prejudicar o empresariado nacional, mas prejudicar entre parèntesis", observou.

Porque, "normalmente os nossos governos ficam tão empolgados com o investimento estrangeiro e esquecem-se que para criar bom ambiente de negócios no país tem que se apoiar e proteger o empresariado nacional", disse ainda.

Para este empresário, com mais de 40 anos na atividade panificadora, o investimento estrangeiro "traz muito dinheiro e conhecimento ao país", mas, defendeu que para haver bom ambiente de negócios "tem de haver oportunidades iguais".

Apontou como exemplo o setor da panificação onde, argumentou, os nacionais, por falta e abastecimento, estão a fechar as padarias e os empresários estrangeiros estão a liderar o segmento, denunciando mesmo a existência de 'lobby' na importação do trigo.

"Tínhamos uma fonte que era o Entreposto Aduaneiro, mas o 'lobby' da importação matou o entreposto onde o angolano ia comprar os seus produtos para o comércio e distribuição", lamentou, ressalvando não ser contra os empresários estrangeiros, que atualmente, acrescentou, se tornaram importadores, grossistas e o retalhista.

O presidente da AIPPA criticou também as dificuldades para o acesso aos financiamentos: "Os bancos não facilitam os financiamentos, sobretudo devido aos requisitos e imposição de garantias reais".

Gilberto Simão defendeu que o que define o desenvolvimento de um país é o sistema de produção, salientando que o mercado de livre concorrência, a exemplo de Angola, apresenta "contradições" que devem ser reguladas pelo governo.

"Este mercado livre tem contraindicações às vezes, e cabe os países saber lidar com isso ou adotar dois sistemas de produção, não entregando tudo ao privado (...). O nosso governo não tem falta de bons programas e bons projetos, mas muitas vezes peca na sua aplicabilidade (...), então temos que mudar com apoio e proteção ao empresário nacional, porque se assim não for nunca vamos conseguir diversificar a nossa economia", concluiu o empresário angolano.

Tag:
- --