O porta-voz das Forças Armadas da RDCongo, Sylvaine Ekenge, indicou, num comunicado de imprensa, que a "interceção ocorreu em 30 de junho", após "radares militares terem detetado a sua penetração ilegal em território congolês sem autorização prévia de sobrevoo".
"A aeronave dirigia-se para uma zona de conflito ativo", afirmou Ekenge, referindo-se ao estado do Kivu do Sul, no leste do país. Segundo o porta-voz, após as verificações habituais, percebeu-se que esta aeronave não tinha matrícula que permitisse a sua identificação, o que "constitui uma violação flagrante das normas internacionais da aviação civil".
Além disso, salientou que as Forças Armadas "tomaram as medidas adequadas para garantir a segurança do espaço aéreo e preservar a integridade do território", sem se pronunciar sobre se o abate desta aeronave causou vítimas nem dizer de onde ela vinha.
Por seu turno, o Movimento 23 de Março (M23) acusou a República Democrática do Congo (RDCongo), país vizinho de Angola, de "um ato de barbárie indescritível" e destacou, num comunicado na sua conta nas redes sociais, que a "aeronave civil" transportava "ajuda humanitária" para Minembwe.
"Este crime atroz, premeditado e executado com tremenda crueldade, foi além das vítimas humanas: também destruiu bens essenciais, incluindo medicamentos", afirmou o M23. Segundo o grupo, "esta atrocidade implementa a vil campanha de limpeza étnica" de Kinshasa "contra os banyamulenge" — um termo que se refere aos tutsis congoleses.
Nesse sentido, o M23 condenou "nos termos mais veementes" o que descreve como "uma violação do cessar-fogo" assinado sexta-feira, em Washington, por Kinshasa e Kigali.
"Estes massacres contra os nossos compatriotas banyamulenge não ficarão impunes", advertiu o porta-voz da Aliança Rio Congo (AFC, segundo a sigla em francês) — uma coligação de grupos armados e políticos liderada pelo próprio M23, composta principalmente por tutsis congoleses —, Lawrence Kanyuka.
Este incidente ocorreu depois de o Presidente congolês, Félix Tshisekedi, ter destacado na segunda-feira que o acordo de paz "histórico" "representa uma promessa de paz", após três décadas de um conflito que causou "milhões de mortos e deslocados", especialmente no leste do país.
O acordo estipula que a RDCongo e o Ruanda se comprometem a pôr fim à atividade de grupos armados como o M23 ou as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FLDR), fundadas por extremistas hutus que fugiram do Ruanda após o genocídio de 1994.