MPLA não apoia ninguém” que se apresente já como candidato à liderança do partido - João Lourenço

Post by: 10 Junho, 2025

O Presidente angolano disse hoje que enquanto líder do MPLA, partido no poder, não apoia “absolutamente ninguém” que se apresente já como candidato à liderança desta força política para as eleições gerais de 2027.

“Nem eu, nem o partido apoiamos absolutamente ninguém”, disse João Lourenço numa entrevista que concedeu hoje à Televisão Pública de Angola (TPA), frisando que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) tem as suas regras e “é um partido muito maduro”.

O chefe de Estado angolano reforçou que não há ainda candidatos e todos os que tentarem passar a ideia de que têm a sua “bênção, para poder começar a corrida agora ou mais tarde” vão ser desmentidos publicamente.

Segundo João Lourenço, o MPLA tem democracia interna e “é adverso àqueles que se apresentam como sendo especiais, como sendo super militantes, super generais, sobretudo quando na realidade se vem a constatar que não são nada disso”.

“Porque é fácil de ir-se à história de cada um e a gente refazer a cronologia de tudo quanto essa pessoa fez de bom e de mal ao longo do tempo, esta é a coisa mais fácil, e muitos de nós ainda estamos vivos, sabemos o que é que cada um fez”, referiu.

Para João Lourenço, um militante que se apresente “como super militante, super general, predestinado a ser Presidente da República”, é algo “muito grave”. “Aqueles que andam a dizer que não há democracia interna no MPLA deviam entender que o apresentar-se como predestinado é que é matar a democracia interna no MPLA”, disse.

De acordo com João Lourenço, a mensagem que passam é que não vale a pena concorrerem, que “estão a perder tempo, porque ‘o destino já me predestinou, já definiu o meu futuro e o futuro de Angola, o Presidente de Angola vou ser eu’”.

Os comentários dos Presidente da Republica, também líder do MPLA, surgem na sequência de notícias que davam conta de que o general Higino Carneiro, ex-governador de Luanda e figura destacada do partido, pretendia concorrer à Presidência da República nas próximas eleições e que já teria manifestado essa intenção a João Lourenço.

Angola vai realizar eleições gerais em 2027 e estão neste momento em discussão na Assembleia Nacional várias propostas de alteração do pacote legislativo eleitoral, submetidas pelo Governo e pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana. Sobre estas propostas, o Presidente da República de Angola disse que “o trabalho do homem nunca é perfeito”, havendo necessidade de se alterarem as leis para afastar “o máximo possível” suspeições sobre o processo.

“De eleição em eleição, vamos dando conta de que poderíamos fazer melhor, ter leis que compliquem menos, que criem menos suspeição, sobretudo isso, o grande objetivo é conseguir que exista menos suspeição, porque, infelizmente, nas nossas eleições, no continente africano, a suspeição persegue-nos”, frisou. João Lourenço considerou também “a coisa mais normal em qualquer democracia” receber o líder do principal partido da oposição, referindo-se à audiência que concedeu em maio a Adalberto Costa Júnior.

“Ele é membro do Conselho da República, sempre que há reuniões participa, mas há um longo tempo, por razões que desconheço, ele não pedia audiência, talvez porque não julgasse necessário. Logo recebemos o seu pedido prontamente concedemos, […] como é óbvio abordamos as questões que têm a ver com a situação política e económica do nosso país”, referiu. Estes encontros, segundo João Lourenço, devem ser regulares quando os assuntos o justificarem e existe disponibilidade para que eles decorram “desde que haja matéria que justifique” as audiências. No final do encontro, Adalberto Costa Júnior defendeu um diálogo permanente para desanuviar o ambiente de tensão política, posição que João Lourenço considerou “uma forma errada de se estar na política”.

“Devemos é nos esforçar, todos os atores políticos, no sentido de não contribuir para que exista tal tensão política, que não haja factos, se os houver que sejam o mínimo possível, factos que possam levar a tal tensão política, não é provocar a tensão e depois, como remédio, vir a correr ao palácio conversar o com Presidente da República e está tudo resolvido e, no dia seguinte, voltar a provocar tensão política, isto não é solução”, afirmou o Presidente angolano.

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Last modified on Terça, 10 Junho 2025 00:40
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