Acidentes na atividade petrolífera em Angola são frequentes - Sindicato

Post by: 22 Mai, 2025

O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petrolífera e Afins de Cabinda (STIPAC) disse hoje que são frequentes os acidentes na atividade petrolífera em Angola, lamentando o incidente que provocou 17 feridos e um desaparecido numa plataforma em Cabinda.

André Capita disse à Lusa que o STIPAC desconhece, até ao momento, a causa do incêndio que, na terça-feira, ocorreu no convés da cave da plataforma de águas profundas Benguela Belize Lobito Tomboco (BBLT) da Cabinda Golf Oil Company (Cabgoc), subsidiária da Chevron, localizada no Bloco 14, na zona marítima de Cabinda.

Em comunicado, a Cabgoc disse que, além dos 17 feridos, dos quais quatro em estado grave, foi registado o desaparecimento de uma pessoa, sublinhando que a causa do incidente está a ser investigada.

O responsável sindical referiu que os trabalhadores sinistrados são de empresas prestadoras de serviço à Cabgoc, salientando que, até ao presente momento, não têm informação concreta do que aconteceu, mas há relatos de que “houve uma explosão, seguida de um incêndio”.

“Mas outra versão diz que não houve incêndio, que as pessoas queimaram com o vapor que saiu de uma linha que rebentou, não se sabe se de gás ou de petróleo bruto. É esta informação que estamos a querer obter, para depois passar uma informação concreta”, afirmou.

André Capita, que trabalhou mais de 20 anos em plataformas e sondas petrolíferas, salientou que este acidente demonstra os perigos que envolvem a atividade de perfuração e extração de petróleo. Segundo o responsável, já na reforma, quando os sindicatos e os trabalhadores reivindicam “determinados direitos e tratamentos indignos a que têm sido submetidos” tem a ver com situações como estas.

“É de lamentar o sucedido, vamos continuar a acompanhar”, afirmou o secretário-geral do STIPAC, destacando que a equipa que atende a área dos acidentes de trabalho e doenças profissionais está a trabalhar com os serviços provinciais da Inspeção Geral do Trabalho, para mais dados sobre o desaparecimento e as causas do acidente.

O líder sindical realçou que têm sido cumpridas as regras de segurança, contudo, a própria atividade acarreta vários desafios, lembrando que “o acidente é algo imprevisível”.

“As medidas de prevenção, de precaução, são implementadas com todo o rigor, mas, porque a operação em si acarreta muitos perigos, algumas medidas são tomadas em função destes acontecimentos. Aconteceu agora esta situação, deverá ser tomada uma medida adicional para acautelar situações desta natureza”, notou.

De acordo com André Capita, os relatórios da Inspeção Geral do Trabalho a que têm acesso indicam que são frequentes situações de acidentes e incidentes de trabalho no setor petrolífero, acreditando que os números não espelham a realidade, porque muitos trabalhadores não estão filiados.

“Os relatórios que nos são apresentados pela Inspeção Geral do Trabalho, que duvido serem relatórios acabados, revelam que por ano temos tido elevadíssimos acidentes de trabalho no setor petrolífero e, nesses números que nos são apresentados, também nos apresentam o número de vítimas mortais”, acrescentou.

O STIPAC tem mais de 12 mil filiados e representa mais de 50 empresas do setor petrolífero. O acidente ocorreu num momento em que a instalação BBLT estava a ser submetida a uma manutenção anual, no âmbito de uma atividade de paragem programada, estando toda a produção local encerrada desde o dia 01 deste mês.

O incidente ocorreu por volta das 03:10, no convés da cave da plataforma. Segundo a empresa, a situação foi rapidamente controlada após a ativação dos protocolos de segurança e combate a incêndios.

Last modified on Quinta, 22 Mai 2025 21:39
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