RDCongo: Doze países africanos condenaram instalação de administração paralela pelo M23

Doze países africanos, incluindo o Ruanda, condenaram hoje, num comunicado conjunto, "a instalação de uma administração paralela" pelo grupo armado Movimento 23 de Março (M23) no leste da República Democrática do Congo (RDCongo).

Esta condenação por parte de Kigali de um grupo que alegadamente apoia surge num momento em que o M23 é acusado de violações dos direitos humanos no leste da RDCongo, onde controla vastas áreas desde uma ofensiva relâmpago que realizou no início do ano.

As Nações Unidas denunciaram, em particular, as execuções sumárias de suspeitos, por vezes menores de idade, perpetradas pelo M23.

Na terça-feira, a Amnistia Internacional acusou o grupo armado de matar e torturar civis que detém ilegalmente, o que o M23 nega. "Nós (...) condenamos os avanços territoriais e a instalação de administrações paralelas pelo Movimento 23 de Março/Aliança Rio Congo (M23/AFC) com apoio externo", afirma a declaração conjunta assinada por doze países africanos, incluindo a RDCongo e o Ruanda, no final de uma reunião regional em Entebbe, a antiga capital do Uganda.

De acordo com dois analistas recentemente entrevistados pela agência noticiosa France-Presse (AFP), o Ruanda começa a questionar o seu apoio a este grupo armado, dado o seu elevado custo financeiro e diplomático. Parte da comunidade internacional, nomeadamente a Bélgica, antiga potência colonial na RDCongo e no Ruanda, critica abertamente Kigali pelo seu apoio ao M23.

O texto apela também ao "desmantelamento" de outros grupos armados ativos na RDCongo, as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), as Forças Democráticas Aliadas (ADF), a Resistência para um Estado de Direito no Burundi (RED Tabara) e a Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco), e "exorta-os a depor imediatamente as armas sem condições".

As FDLR são um grupo armado fundado por antigos responsáveis hutus ruandeses pelo genocídio dos tutsis em 1994. O M23 e Kigali acusam Kinshasa de apoiar as FDLR e justificaram a sua ofensiva no leste da RDCongo pela necessidade de neutralizar este grupo. +

As ADF, rebeldes de origem ugandesa, juraram lealdade ao Estado Islâmico e são responsáveis por massacres que causaram milhares de mortes. São combatidas pelas tropas congolesas, apoiadas pelas forças ugandesas, que também ajudam a RDCongo contra a Codeco, uma milícia comunitária.

O RED Tabara é o principal grupo rebelde armado que realiza ataques no Burundi, embora menos ativo nos últimos anos. Desde outubro de 2023, Bujumbura enviou mais de 10.000 soldados para ajudar o exército congolês a enfrentar o M23 e outros grupos armados, como o RED Tabara. O leste da RDCongo, país vizinho de Angola, é assolado por conflitos há trinta anos.

Last modified on Quarta, 28 Mai 2025 20:30
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