José Luís Carneiro falava aos jornalistas em Luanda, à saída de uma audiência com o Presidente angolano, João Lourenço, tendo sublinhado a importância das comunidades dos dois países.
"As comunidades portuguesa em Angola e angolana em Portugal estimam-se e estão fundadas em relações linguísticas, culturais, históricas e profundamente consanguíneas, que faz com que estejam irmanadas em relação aos grandes objetivos do futuro, da cooperação para o desenvolvimento, da paz e do bem-estar das nossas comunidades", realçou.
Sobre a lei da nacionalidade, cuja discussão foi adiada para outubro, o líder socialista destacou que "há mais tempo para discutir o que está em causa".
"Sempre dissemos que estávamos disponíveis para aperfeiçoar quer a lei de estrangeiros quer a lei da nacionalidade, mas a lei da nacionalidade deve ter em consideração um eixo fundamental da política externa portuguesa que assenta nas relações de amizade privilegiadas com os países de língua oficial portuguesa", frisou.
"Diria que o futuro dos dois países é muito importante para as futuras gerações, particularmente aquelas que acreditam nos valores da cooperação, da paz, do desenvolvimento e do bem-estar comuns", concluiu o secretário-geral do PS.
José Luís Carneiro reconheceu que "o modo como as propostas apareceram perante a opinião pública causaram estranheza e receio em relação às opções que possam vir a ser tomadas", deixando a garantia de que o PS vai procurar que a lei da nacionalidade corresponda a esta relação histórica, cultural, linguística, de cooperação e até de consanguinidade."
O dirigente socialista abordou também a importância da comunidade angolana em Portugal para o desenvolvimento do país.
"(É) uma comunidade que vive, que investe, que tem laços do ponto de vista cultural e social com o nosso país", apontou, afirmando também a importância da comunidade portuguesa que "trabalha, investe, estuda e contribui para o desenvolvimento de Angola".
Questionado sobre as negociações em torno do Orçamento do Estado português, preferiu não se alongar por ser "matéria para tratar em sede própria".
Sobre se as relações anteriores com Angola afetaram negativamente o PS, depois do antigo primeiro-ministro José Sócrates admitir em tribunal que, em 2014, se encontrou com o então vice-presidente de Angola em Nova Iorque (EUA), Manuel Vicente, para interceder pelo grupo Lena, afirmou que o assunto não foi tratado na audiência.