Esteves Hilário falava em conferência de imprensa em Luanda, onde anunciou um programa especial para celebrar o 69.º aniversário do partido no poder em Angola desde 1975, coincidente com as comemorações do Jubileu da Independência.
Questionado sobre o sentir da população e os tumultos registados este ano em Luanda, desencadeados pelo aumento dos combustíveis e que culminaram na morte de pelo menos 30 pessoas, afirmou que viver numa casa em obras traz "desconforto".
"Eu costumo dizer que estar a viver numa casa em obras normalmente gera algum desconforto e é óbvio que o processo de reformas estruturais que se fazem em economia tem que gerar algum desconforto. E o MPLA tem consciência disso e tem estado a trabalhar para que dias melhores efetivamente ocorram", frisou, considerando que o MPLA "é o maior instrumento de luta do povo angolano".
"O MPLA é património dos angolanos, os angolanos contam com o MPLA, o MPLA nunca virou as costas ao seu povo, desde a luta da libertação nacional e obviamente continua a trabalhar para o povo e com o povo, assegurou.
Esteves Hiláro fez uma apreciação contrastante dos 50 anos de independência nacional, lembrando que mais de metade deste periodo foi marcado por "uma guerra fratricida" e afirmou que "isso também tem que ser avaliado pelos angolanos".
"Mas foram feitas grandes coisas. E hoje nós podemos dizer que depois da independencia a obra está feita", Insistiu, apontando melhorias na educação e na saúde.
Reconheceu, contudo, que há uma responsabilidade acrescida para um partido que governa há 50 anos, garantindo que o MPLA não vai "virar as costas ao povo nem aos problemas".
"Infelizmente, os problemas não se conseguem resolver todos num dia, mas há vontade, há disponibilidade, há trabalho, o trabalho esta a ser feito e os resultados começam a ser sentidos", reiterou, explicando que, quando há reformas estruturais, há também "um apertar de cinto, um esforço do povo".
"E aquí nós, obviamente, felicitamos o povo angolano, porque compreendeu e assumiu esse sacrificio, porque com ele nós construimos, efetivamente, um país melhor", vincou o responsável, convicto de que o povo compreende o esforço do Executivo e que este irá "resultar efetivamente numa economia melhor, mais sõlida e mais sustentável"
As comemorações dos 69 anos do MPLA decorrem sob o lema "Preservar e valorizar as conquistas alcançadas", durante o mês de dezembro, com atividades em todas as provincias, sendo o ponto alto um comicio no próximo sábado, em Luanda.
A inauguração da nova sede do partido é outro dos momentos centrais da agenda comemorativa, que inclui debates e palestras, atividades desportivas, ações de responsabilidade social e uma festa com componente cultural, música e gastronomia.
Segundo Esteves Hilário, as jornadas "são para o povo angolano e não restritas aos seus militantes", prevendo-se "momentos de auscultação social para a sociedade civil e pessoas que não sejam do MPLA".
O dirigente destacou aspetos positivos da governação, como o impulso à diversificação económica, que se tem traduzido "no aumento exponencial da produção nacional".
"(Hoje) pouco mais de 70% dos produtos mais consumidos no pais são de produção nacional", salientou, acrescentando que o Orçamento Geral do Estado, atualmente em discussão, prevé receitas do setor não petrolifero superiores ás do setor petrolífero.
"Nem sempre a marcha é rápida como nós pretendemos, mas o mais importante é que os passos sejam seguros e sustentáveis", concluiu.





