Líder de cooperativa de táxis angolana condena vandalismo na paralisação da atividade

O presidente da Cooperativa de Táxis Comunitários de Angola, Rafael Inácio, condenou os atos de vandalismo e o aproveitamento político no âmbito da paralisação dos taxistas que arrancou hoje em Luanda.

As associações de taxistas de Angola decretaram a paralisação até quarta-feira, essencialmente nas principais províncias angolanas, uma forma de protesto face ao aumento do preço do gasóleo, no início deste mês, que originou a subida das tarifas dos transportes públicos.

Segundo Rafael Inácio, a Cooperativa de Táxis Comunitários de Angola está solidária com a entidade que convocou a paralisação, a Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA).

“Estamos a fazer rondas desde às 05:30, há um absentismo dos azuis e brancos [cores características dos táxis informais em Angola] nas paragens de táxis, ou seja, não há táxis, mas o negativo que estamos a constatar é que há muita onda de aproveitamento político e também de vandalização e arruaça. (...) Nós condenamos veementemente esta atitude”, disse à Lusa Rafael Inácio.

O líder associativo afirmou que em zonas como Kilamba Kiaxi há a registar vandalização de viaturas e queima de pneus.

“Porque se é uma paralisação ordeira a pacífica não deve haver aproveitamento político, porque os taxistas sempre dependeram de si mesmos para fazer valer os seus direitos”, frisou Rafael Inácio, criticando “muitas publicações, muitos aproveitamentos indevidos do ponto de vista político, sobretudo de partidos da oposição”.

Contactado pela Lusa, o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, Nestor Goubel, disse que as forças estão a ser posicionadas nos locais onde as denúncias apontam para o registo de atos de vandalismo.

Nestor Goubel salientou que estão em curso medidas para se repor a normalidade, remetendo para mais tarde mais declarações.

Em causa estão as novas tarifas para os transportes públicos coletivos urbanos rodoviários de passageiros, ajustados depois do aumento, no início deste mês, do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro (0,28 para 0,37 euros), no âmbito da retirada gradual pelo Governo do subsídio aos combustíveis, iniciada em 2023.

Os taxistas sublinham que passaram mais de 15 dias sem o Governo “ouvir o grito de socorro dos taxistas”, por isso “as Associações e Cooperativas de taxistas ANATA, ATA, CTMF, ATLA, CTCS, 2PN, AB-TAXI” decidiram paralisar os serviços de táxi nos dias 28,29 e 30 deste mês.

Além do aumento do preço do combustível, os taxistas estão preocupados com aumento das peças de manutenção, a remoção de paragens de embarque e desembarque, sem aviso prévio às associações por parte das administrações municipais e da Polícia Nacional, bem como a falta de vontade do Executivo em formalizar a atividade de táxi em Angola.

Vários vídeos que estão a ser partilhados nas redes sociais mostram paragens cheias e sem a circulação de táxis pelas ruas da província de Luanda, capital de Angola.

Desde a subida do preço do gasóleo, vários protestos têm sido realizados em Luanda, com a realização de manifestações, em três sábados consecutivos, sendo esta a quarta demonstração de descontentamento.

Face à subida do preço do gasóleo, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) passou de 200 (0,19 euros) para 300 kwanzas (0,28 euros) o preço do serviço de táxis coletivos (transporte ocasional de passageiros) e de 150 (0,13 euros) para 200 kwanzas a tarifa do serviço de autocarros urbanos, deixando ao critério dos órgãos da administração local do Estado os ajustes tarifários a serem feitos ao serviço intermunicipal de passageiros.

Sobre estes aumentos, o responsável da ANTT disse que o Governo angolano teve de encontrar um equilíbrio no reajuste de preços dos transportes públicos, para não prejudicar nem as empresas nem os cidadãos.

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