Ricardo Viegas d’Abreu sublinhou ainda que os projetos transnacionais têm maior viabilidade bancária.
“Estamos a trabalhar para fechar o projeto ‘greenfield’ [projeto que começa do zero em um local ou contexto totalmente novo, sem estruturas ou sistemas pré-existentes] de ligação [do Corredor do Lobito] à Zâmbia e é por isso que esta cimeira é muito importante, porque estão aqui os diferentes parceiros que nos podem ajudar a fechar o pacote de financiamento necessário para podermos avançar com este projeto”, disse o governante, estimando o investimento total em 4,5 mil milhões de dólares.
O ministro falava aos jornalistas à margem da 3.ª Cimeira sobre o Financiamento para o Desenvolvimento de Infraestruturas em África, que decorre até sexta-feira, em Luanda, anunciando que a primeira pedra deverá ser lançada em 2026 e que há “várias partes interessadas”, incluindo iniciativas europeias, o Banco Africano de Desenvolvimento e entidades do Egito, entre outros parceiros.
Ricardo Abreu destacou a necessidade de “encontrar soluções que permitam reduzir o défice de infraestruturas do continente africano”, salientando a relevância de reunir “diferentes intervenientes, sejam instituições financeiras de desenvolvimento, instituições financeiras privadas ou investidores interessados em assegurar o financiamento e o investimento em projetos de infraestruturas críticos para o desenvolvimento do (…) continente”.
Em Angola, sublinhou, este processo tem sido conduzido através de modelos de concessão, apontando o Corredor do Lobito como “o projeto mais emblemático no setor dos transportes”, no qual o consórcio Lobito Atlantic Railway (LAR) formado pela Mota-Engil, Trafigura e Vecturis já investiu cerca de 300 milhões de dólares.
Segundo o ministro, o Governo tem constatado “crescente interesse do setor privado” em investir nas infraestruturas de transporte, incluindo projetos ‘greenfield’, construídos de raiz, como a futura ligação ferroviária entre Angola e Zâmbia.
“Aquilo que temos sentido é que há muito mais interesse em projetos transnacionais, que consigam ligar o continente nesta lógica de integração e cooperação. Mas isso acarreta também outros desafios, que passam por garantirmos a harmonização regulatória e o mesmo sentido de prioridade em relação aos projetos”, afirmou.
Ricardo Abreu adiantou ainda que o Governo está a preparar mecanismos para cobrir o défice de viabilidade económica destes projetos, muitos dos quais “sem histórico de fluxo de passageiros ou mercadorias”, anunciando a criação de um fundo destinado a mitigar o risco inicial e desafiando as organizações de desenvolvimento e outros fundos existentes “a fazerem parte dessa solução”.
A ligação ferroviária entre Angola e a Zâmbia, através do Corredor do Lobito, foi projetada para ter aproximadamente 800 quilómetros de extensão, dos quais 300 em território angolano.





