Cristina Lourenço integrou hoje um painel que abordou o tema “Mercado de Capitais em Angola - Evolução, Desafios e Oportunidades, no âmbito da 2.ª edição da conferência “Mercado de Capitais – Inovação, Sustentabilidade e Futuro”, promovida pela BFA Capital Markets – Sociedade Distribuidora de Valores Mobiliário.

A Bodiva vem fazendo uma reflexão sobre as novas dinâmicas e regras de mercado, bem como a formação do preço, avançou Cristina Lourenço.

“Claramente a nossa regra foi feita muito antes do mercado existir, então temos vindo a fazer essa reflexão, mas ao fim das duas semanas concluímos que o mercado está maduro, que o mercado naturalmente auto corrigiu-se”, referiu.

A responsável da Bodiva destacou os resultados alcançados na Oferta Pública de Venda (OPV) das ações do Banco de Fomento Angola (BFA), sublinhando que apesar do aumento expressivo da base de investidores - cerca de 8.500 novos - ainda se está perante um mercado com apenas 45 mil contas de investidores, maioritariamente particulares, “que ainda estão na fase de experimentar o mercado”.

“De 30 de setembro até dia 08 de outubro, foi onde se atingiu o maior pico, foram semanas vibrantes para o mercado, com níveis que não tinham atingido até agora esse precedente”, sublinhou.

Segundo Cristina Lourenço, ainda se fazem mais negócios no mercado de bolsa de títulos de tesouro do que propriamente no mercado de bolsas de ações.

A baixa literacia financeira, a pouca oferta de ativos para investimento e de instrumentos como fundos de pensões para quem pretenda investir, são ainda alguns dos entraves ao crescimento do mercado de capitais angolano, avançou Cristina Lourenço.

“A literacia financeira seria um dos primeiros entraves”, afirmou, acrescentando que um os fundos de pensões podem “fazer o papel de investidor”, promovendo “um maior ‘turn over’ do nosso mercado secundário”.

Para a PCE da Bodiva, há espaço para os fundos de pensões crescerem e para os fundos de investimento também terem um papel mais ativo, para que o mercado veja “os seus níveis de liquidez a subirem”.

“Há oportunidades. Estamos a falar de um mercado em que até muito recentemente os operadores eram apenas os bancos, hoje estamos a falar de uma realidade em que temos entidades especializadas para corretagem, seja as distribuidoras seja as corretoras e acreditamos que com este novo figurino (...) teremos maior liquidez”, disse.

No seu discurso de abertura, o presidente da Comissão Executiva do BFA Capital Markets, Odair Costa, referiu que a recente operação com o BFA representou um verdadeiro marco não só para o mercado nacional, mas também para o mercado africano.

“A OPV do BFA até ao momento é o maior IPO do ano, captou cerca de 242 milhões de dólares e acrescentou à base acionista do BFA cerca de 8.500 novos acionistas, portanto, estamos a democratizar o acesso ao mercado de capitais”, referiu.

Este processo, acrescentou Odair Costa, demonstrou de forma clara e inequívoca a confiança dos investidores, a maturidade das instituições e potencial do mercado e a capacidade das empresas angolanas em mobilizar recurso através de mecanismos de mercados desintermediados.

Por sua vez, o presidente da Comissão de Mercado de Capitais de Angola, Hélder Serrão, disse que as ofertas públicas de vendas de ações realizadas a partir de 2022, no âmbito do programa de privatizações, configuram exemplos inequívocos dos progressos alcançados, refletindo a crescente dinamização e consolidação do mercado de capitais nacional.

Hélder Serrão destacou também a recente oferta pública de venda das ações do BFA, que “registou uma procura cinco vezes maior à oferta e resultou no alargamento da base acionista do banco com a entrada de mais de 8 mil novos acionistas”.