Cerca das 09:30, na zona da Comarca - estrada de acesso a Cacuaco, uma das áreas mais pobres de Luanda - uma multidão reuniu-se para atacar um supermercado da cadeia Angomart. A via ficou cortada e a polícia disparou tiros de aviso para dispersar a população, verificou a Lusa no local.
Relatos recolhidos por jornalistas da Lusa apontam para pilhagens semelhantes em várias lojas de produtos alimentares noutras zonas de Luanda, acompanhadas de tiros e confrontos.
Vídeos partilhados nas redes sociais mostram tentativas de invasão ao megacentro comercial Cidade da China, bem como barricadas improvisadas com pneus a arder nas principais vias de acesso de Luanda.
Em algumas dessas imagens é referida a ocorrência de mortos, tendo as autoridades anunciado que já morreram quatro pessoas durante os tumultos.
Devido ao clima de insegurança generalizada, diversos estabelecimentos comerciais, bancos e instituições públicas anunciaram hoje o encerramento preventivo das atividades e muitas empresas mantêm os trabalhadores em regime de teletrabalho, enquanto aguardam o regresso à normalidade.
Os protestos ocorrem na sequência da paralisação nacional de taxistas convocada para protestar contra o aumento do preço dos combustíveis.
Apesar de a Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) ter anunciado o cancelamento da greve, depois de negociações com o Governo Provincial de Luanda, os protestos degeneraram em atos de vandalismo em vários bairros da capital.
Na segunda-feira, Luanda já havia sido palco de confrontos, pilhagens e bloqueios de vias, obrigando à intervenção policial.
Hoje, mantém-se um forte dispositivo policial em pontos estratégicos da cidade, incluindo a presença de viaturas blindadas e de militares.
A retirada dos subsídios aos combustíveis tem gerado forte contestação social, devido ao impacto no custo de vida dos angolanos, que se debatem já com níveis de inflação a rondar os 20%.